sexta-feira, 9 de agosto de 2013

No dia do fusca

No dia da abordagem perto do fusca, fui surpreendida a espiá-lo pelo retrovisor:
Com um sorriso largo uma idosa atravessou a rua para lhe dar um abraço. E ele retribuiu com um sorriso igualmente gentil. Ela dizia coisas como “quanto tempo, como você está? Como é bom te ver, nossa. Tá bonito”. E aquele vozeirão respondia sorrindo um pouco sem jeito. “obrigada”.
Nesse diálogo rápido entre ele e a senhora, eu me diverti quando ele, surpreendendo-a, disse, sem pestanejo: “bom, agora sou gay”. E a senhorinha tentando não aparentar espanto, disse apenas “ah é? Nossa, é mesmo? Ah, mas o que vale é que você é um bom menino. É mesmo?”. E ele sorrindo satisfeito com a peça que pregara na velhinha, confessou um “ to brincando”.  E era perceptível o alívio no rosto dela. “Aaaaah boom” .E riram juntos. Ela se despediu. Ele passou ao lado do fusca e eu fingi que não estava observando, mas não tive como não olhar.
Dissemos “oi” e sorrimos. E eu aprendi muito sobre ele com o que vi. Naquele dia eu decidi que podia confiar na procedência do rapaz.

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