quarta-feira, 2 de junho de 2010

Era só fechar os olhos e vinha a cavalo branco tudo aquilo com que eu sempre sonhei um dia. Podia sentir, como se estivesse imersa num paraíso de aromas, o perfume de tudo o que eu via naquela casa. Desde a lavanda que perfumava o ambiente ao eucalipto que fora usado para dar aspecto de frescura aos móveis de madeira escura na sala. Da janela escancarada como um sorriso infantil podia ver aqueles alvos lençóis estendidos no varal dançarem desinibidos a canção vinda dos canários. E o vento... este sabia sua direção tanto quanto uma criança perdida num campo ensolarado de girassóis. Era suave e terno.
Olhastes em meus olhos como se os tocasse com as mãos. Tão firmemente que não havia tempo a perder com o movimento das pestanas. Era amável teu olhar. Não piscamos nós. Mas olhastes meu lábios...e eu ouvia seu respirar.


O momento fora breve
o vento fora leve que o cabelo nem balançou
mas o resto todo o fez;
o tronco contido,
o sopro no ouvido
que o mundo desfez;
logo o olhar singelo,
sorriso amarelo,
arrepio outra vez.
Fora leve...
Fora breve...tanto quanto a fantasia.
Num susto repente
me ponho acordado
o sonho ceifado,
suspiro enforcado,
manhã se fazia
eu ainda carente.