domingo, 28 de agosto de 2011

muito mais planos

Já pensei em pular de asa delta ou pintar o cabelo de azul. Em seguida fazer uma tatuagem, cortar o cabelo para que ela aparecesse. E escreveria um livro antes dos 19 anos. Veja o que aconteceu: nunca tive tempo e dinheiro pra asa delta e meu cabelo fraco não suportaria descoloração. Entrei pro curso de Direito, e adiei por tempo indeterminado uma tatuagem aparente.
Claro, eu tinha mais ambições... mas não me lembro neste momento.
Mas antes que eu comece a reclamar de novo, eu me pergunto: como tenho coragem de tanto fazer apologia à felicidade, e não buscá-la?
Absurdos da vida, mais um para a coleção.

Jardineira, que tal uma manhã em outra cidade, com um livro na mão e outro em mente? Vou começar este livro de uma vez por todas. Antes do almoço, impreterivelmente.
hm.. já está tarde...
Boa noite mundo, vou ali sonhar um pouco mais.


Asas



Assisti a um filme que me deu a sensação de que preciso de uma mochila bem grande, dinheiro no bolso e no banco e um ônibus que me leve ao aeroporto mais próximo. "Volto daqui a dez anos com notícias" seria a última frase que ouviriam vendo minha imagem. Eu escreveria cartões postais aos meus amigos, deixaria o cabelo crescer. Falaria coisas sem sentido para pessoas que não entendem minha língua. Conheceria outras línguas. Compraria alguns lenços coloridos e óculus diversos. E talvez adotaria um menino de 5 anos. Voltaria com a voz mais serena, a alma mais branda, o espírito com asas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

palavras demais




Dias ruins geram pensamentos demais,
palavras demais.
Se compromete com tudo nessa vida: responsabilidades alheias, filhos alheios, dores.
Mas o pior dos ajudantes é aquele que deixa a ferida dentro de si ficar maior enquanto só se importa com o que não é seu.
Uma bela manhã de sol acordou e decidiu preparar o café um pouco mais fraco
pra ver se era a cafeína que tirava o ânimo da vida para o qual sempre fez apologia.
mas acho que a culpa é de outros vícios
fala demais
dorme de menos
se preocupa demais
se preocupa muito menos com o que realmente deveria.
hoje riu dos outros
mas chorou quando se viu no espelho
corta demais o cabelo mas se esquece do que realmente precisa cortar
e dessa vez não é a cafeína
nem os pulsos, caso se preocupe com a hipótese.
vive como membrana
e se desfaz com facilidade
amarra laço no cabelo e se desamarra em todo o restante
se desorienta com verdades
e usa as palavras erradas
e não completa uma frase com eficiência.
mas veja que nem tudo se perdeu: ainda acha que pode conquistar o mundo
logo depois de aprender a falar certinho e a não escrever bobagens.
mas é que haviam na cabeça palavras demais.

nossa

3000 visitas! O:
sem palavras.
muito obrigada. Funciona muito melhor quando eu sei que alguém se importa também.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

eu-lírico


Ela era loira falsa e feia, gostava de baladas sujas e beijos suados, de calças de cintura baixa, e decotes abusivos, tinha unhas grandes e fracas, a infância roída e o rosto pintado de vermelho. Vergonha nenhuma. Palavrões todos. Os que ouvia e os que dizia. Muitos ela desconhecia o significado, mas subentendia enquanto rebolava no caminho. Tinha o cabelo oleoso, muitas tatuagens e outros arrependimentos pelo corpo. Ouvia Kesha no quarto, por horas dançando com a luz apagada. E não tirava o lápis dos olhos pra dormir. Sua mãe tinha desgosto da vida, o pai apenas o gosto da bebida na boca, mais nada. Todos os irmãos a respeitvam. Tudo que ela temia na vida, era gravidez e incencêndio em casa, mas todas as manhãs abortava os sonhos de sua mãe e queimava de ódio do mundo, dentro de si. Ela era forte e fraca demais.
Só quando dormia é que cessava o pesadelo da vida; quando acordava, lembrava que esquecera de limpar a maquiagem, de tomar banho, de lavar as calcinhas porque acabaram as limpas. Tossia e lavava o rosto com água; e não limpava absolutamente nada.

Às vezes ela queria sair de dentro da dona do Jardim mas sabia que ficava melhor escondida lá dentro, ajudando-a a escrever.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

indiscrição


se o mundo pudesse ouvir
as rudezas que eu grito em silêncio
não haveria tanto consolo pra mim.
talvez eu devesse me calar por mais alguns séculos
até que numa escavação
encontrem um baú
com todas as minhas indiscrições
e saberão que o mundo usava máscara
pobre de mim que acha
que só pode desmascarar o mundo!
eu posso muito mais que acho que posso
e se eu me decepcionar mais uma vez
dane-se
já precisei que alguém me pagasse minhas contas
e não se ofereceram.
tarde demais pra lamentarem
ou cuidarem de minha vida,
ou do que deixarei pra posteridade.
hoje só preciso de coragem, sabedoria
e mais nada.
se não me deixarem falar, eu grito
se não me deixarem gritar eu canto
e em cada canto
ouvirão o que há escrito por aqui, dentro de mim.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Agosto, ao sol


Foi só ouvir aquela música
e a memória se contorceu de dor
e os olhos se movimentaram em dança única
e a forma do corpo mal pode esconder o torpor...

sem sabermos a letra
e sem vergonha disso
balbuciava eu a parte do sax
e você o inglês sem nenhum compromisso

mas quem ligava pra isso?
eramos nós de tamanhos opostos
de sorrisos expostos
e tal qual em um feitiço
deitados, a postos.

O sol que batia em meu rosto
que você o tapava
enquanto falava
com notável gosto
que devíamos fujir
no mes de agosto

eu com dois vestidos
você com a música que havia composto
que eu ouvia contente
e contra a vontade,
mas era a sua canção
e era comovente a maneira como você
segurava a minha mão
e cantava como se fosse morrer
na manhã seguinte
e eu escutava
como se não existisse no mundo
melhor ouvinte

mas de composição em composição
essa também se perdeu

Essa tarde na rua
quase sem reação
ainda que não fosse sua
relembrei com emoção
aquela que o meu coração
jamais esqueceu

foi só ouvir a canção
e a memória se contorceu
e os olhos se movimentaram
porque prontamente relembraram
o que naquele agosto aconteceu

foi como lhe rever
acenando distante
mais distante que o céu,
hoje posso dizer.

Podíamos sonhar o mundo todo
podíamos beber a água dos mares
sonhar com futuros a mais.
Se tropeçássemos
apenas rodaríamos em passos de ballet
e ririamos de tudo
e viveríamos a mais.

Ps.: Te encontro no infinito, amor que ainda não sei.