sexta-feira, 29 de abril de 2011

torto intento


Já faz tempo que Ismália pulou da torre
atirou-se ao frio e ao relento
para sentir a liberdade cortar a pele
pelo vento.
Ainda hoje não tão longe ocorre
no entanto a fugir desse frio relento
corta-se a pele num breve momento
morre a liberdade, cessa o sopro, o vento.
Ilusão de que o fim é o suficiente
para findar com todo sofrimento
amortecer as relações num torto intento
de repente.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

nós

Num espaço curto de tempo um sim vira não e tudo se acaba...
Mas o que mesmo acabou? a vontade de viver ou a razão para tal?
Ora, razões, existem um turbilhão delas...
um dia nublado me dá boas razões pra tocar violão,
e o violão por sua vez, me dá boa razão para crer
que a alma fala em acordes completos
e o som ecoa absoluto ao seu tempo
e o tempo escorre de leve pelas cordas
e as cordas tão bem esticadas me dão boas razões para acreditar que nem tudo na vida é nó;
as mãos que com dificuldade compreendem as notas me revelam que desatar os nós da vida
é o que menos me dá trabalho nesse momento de abstração.
Que a vida sim sem os nós seria como um instrumento sem cordas...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

cochilo

E o sono me afana mais uma vez a racionalidade
me empresta a calma da deriva
me consola a mente por bondade.
Os espelhos da alma assim cobertos
deixam que seja subjetiva
a visão tida por mim deste mundo.
Caminho agora por caminhos incertos
traçados pelo sono profundo.

domingo, 17 de abril de 2011

por opção

Se as lágrimas não caíssem mais
Se toda névoa se dissipasse neste instante
essa inscrição perderia o seu sentido
Porque às vezes se chora porque quer
e se atravessa a névoa porque é mais cômodo não enxergar
e se fica triste por consequências não evitadas.

sábado, 16 de abril de 2011

tempestade

pare, por favor
e antes que comece a reclamar de novo,
lembre-se:
toda vez que você faz tempestade em copo d'agua (#ou numa xícara de chá)
se esquece que há flores do lado de fora precisando ser regadas
e toda essa água está sendo desperdiçada dentro de você.
nós sabemos que essa mágoa te diminui.
você tem mais o que fazer lá fora
e, definitivamente, não vale a pena ficar assim.

poção mágica


Água de cheiro
Grampo de cabelo
Chinelo de pedreiro
Língua no cotovelo
Anel de chiclete
Caixinha de gilette
Biquíni de chacrete
Corcunda de camelo
Pata de girafa
Tampa de garrafa
Salada de alfafa
Lente de contato
Chiclete no sapato
Grampo no chinelo
Biquíni amarelo
Caixinha de chiclete
Gilette no cabelo
Anel de garrafa
Água de pedreiro
Lingua na alfafa
Cheiro de cotovelo.

hum..acho que já tá bom.

Meu cupido é vesgo,
tive que inventar
minha própria receita
e as palavras mágicas verdadeiras escritas no papel
cairam dentro da pia enquanto eu escovava os dentes, e molhou-se tudo.
Não me lembro bem o que a cartomante disse
mas me recordo alguma coisa sobre gilette e pulso...
pulso é difícil de rimar
e essas palavras ficam trágicas juntas.
coloquei então a lâmina na caixinha
e inventei todo o resto.

sábado, 9 de abril de 2011

osseva olep

Confia mesmo em mim? Tenho tido minhas dúvidas sobre mim ultimamente...
e ainda assim me atribuo responsabilidades
das quais eu mesmo suponho que num futuro próximo vou me arrepender de tê-las aceitado.
Acredita em mim? Não é coisa simples...
tento me fazer compreender porque as verdades são tão diferentes às vezes.
Tem medo de mim? No seu lugar eu teria...
concordo plenamente que parte do que eu sou é mais obscuro do que eu mesmo suponho.
Mas me parece que apesar de tudo isso, não sou muito diferente de qualquer um que tenta crescer um pouco a cada passo. Tenho descoberto que os avessos se revelam no caminho.
Tenho atestado que o caminho é pelo avesso
quando todos os caminhos não solucionam mais.