quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Agosto, ao sol


Foi só ouvir aquela música
e a memória se contorceu de dor
e os olhos se movimentaram em dança única
e a forma do corpo mal pode esconder o torpor...

sem sabermos a letra
e sem vergonha disso
balbuciava eu a parte do sax
e você o inglês sem nenhum compromisso

mas quem ligava pra isso?
eramos nós de tamanhos opostos
de sorrisos expostos
e tal qual em um feitiço
deitados, a postos.

O sol que batia em meu rosto
que você o tapava
enquanto falava
com notável gosto
que devíamos fujir
no mes de agosto

eu com dois vestidos
você com a música que havia composto
que eu ouvia contente
e contra a vontade,
mas era a sua canção
e era comovente a maneira como você
segurava a minha mão
e cantava como se fosse morrer
na manhã seguinte
e eu escutava
como se não existisse no mundo
melhor ouvinte

mas de composição em composição
essa também se perdeu

Essa tarde na rua
quase sem reação
ainda que não fosse sua
relembrei com emoção
aquela que o meu coração
jamais esqueceu

foi só ouvir a canção
e a memória se contorceu
e os olhos se movimentaram
porque prontamente relembraram
o que naquele agosto aconteceu

foi como lhe rever
acenando distante
mais distante que o céu,
hoje posso dizer.

Podíamos sonhar o mundo todo
podíamos beber a água dos mares
sonhar com futuros a mais.
Se tropeçássemos
apenas rodaríamos em passos de ballet
e ririamos de tudo
e viveríamos a mais.

Ps.: Te encontro no infinito, amor que ainda não sei.