quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu-lírico > reportagem exclusiva

Jardineira reporter por um dia: É um prazer imenso estar aqui com vocês novamete a postar no Jardim. E com semelhante alegria recebo esta convidada que já é de casa. Seja muito bem vinda novamente, meu eu lírico !

eu-lírico: E aí.

Jardineira: Conte pra gente, todos anciosos para saber: quem é você?

eu-lírico: Sou fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente...

Jardineira: Você é o amor na definição de Camões?

eu-lírico: Amor, eu? (risos). Querida, tenho minhas dúvidas se este habita em meu ser. Acredito que se conceituar-me como desamor, seria menos imprecisa, ainda que não esgote, nem de longe, todo meu significado.

Jardineira: Não há amor em você?

eu-lírico: Há tudo e nada em um só tempo. Não disse que não há amor, disse que tenho minhas dúvidas. Dúvidas talvez seja o que mais tenho.

Jardineira: Você poderia ser um pouco mais objetiva?

eu-lírico: Sou um eu-lírico, não uma flecha. Sonda-me com toda tua habilidade e eu me posso despir com mais coerência.

Jardineira: Não precisa, não precisa. Continue vestida como está que eu pergunto diferente. O que faz por aqui no meu blog?

eu-lírico: Ora, esta é minha segunda casa, se me permite assim dizer. Gosto do nome e do aconchego; da fonte que usa, do espaçamento entre as linhas; gosto da cor de fundo, mas principalmente, e se me concede a ousadia, gosto da maneira como você me procura para preencher seus momentos e injetar-me em seus devaneios como um hormônio das palavras. Até quando você fecha os olhos sinto que o que você quer é enxergar-me. Que quando se encontra em meio a solidão, clama por minha manifestação.
Reconhece meu sussurro quando o silêncio grita. E se sorrio, como raramente faço, você sente a minha versatilidade e mobilidade, ainda que eu esteja exatamente como e onde sempre estive. Me acaricia com bondade, de acalenta com compaixão. Me dá ouvidos como poucos fazem, me...

Jardineira: Desculpe-me a intervenção, mas não combinamos que você diria aqui coisas tão pessoais. Você não me conhece tanto quanto acredita.

eu-lírico: Eu sei muitas coisas sobre você que nem mesmo você supõe.

Jardineira: Como assim?Você está me deixando confusa.

eu-lírico: (risos) não se preocupe, prossiga, sim.

Jardineira: Por hoje é só.

eu-lírico: Que é isso? É medo de se perder?

Jardineira: Perdida já estou há muito tempo. Mas você deveria colaborar pra que eu melhorasse. Que quer que eu faça sozinha? Você sabe que não consigo nada sozinha. Por exemplo, eu tenho uma prova difícil amanhã e ainda estou te dando ouvidos. Tanta imprudência jamais me levará às respostas...

eu-lírico: Às respostas da vida ou às da prova de amanhã?

Jardineira: Ambas.

eu-lírico: Quanto à prova, vá estudar a teoria. A madrugada revela sabores interessantes. Não te deixarei cochilar, seu não quiser. Quanto à vida, vá estudar a prática. As verdades que vamos descobrir juntas determinará a imortalidade desta nossa parceria. Não te deixarei morrer, se não quiser.

Jardineira: Perdoe se fui grosseira anteriormente. É que às vezes tenho dificuldade para lhe compreender.

eu-lírico: Imagina, imagina...

Jardineira. Boa noite.

eu-lírico: Feremos o melhor que pudermos; agora vá estudar, acordamos cedo amanhã.

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