quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

rumo ..

Corria, corria sem que pudesse notar a direção ou sentido
a razão também não era clara
quase não havia mais fôlego
era só como se correr ali fosse a única maneira de descarregar toda a energia que sobrara.
Era correr ou dançar...
mas já havia dançado na noite passada e não tinha sido uma experiência tão agradável
dançar requeria menos fôlego e mais habilidade
correr, o contrário
então preferia ter o rosto chibatado por aquele vento frio
o pulmão inundado pelo ar amargo
e o coração torturado pela incerteza do rumo
qualquer caminho servia,
não havia nada a perder.
Parar sim foi dfícil
desacelerar
vinha-lhe à memória as paradas anteriores
que lhe causaram dor também
lembrou portanto porque corria:
tinha medo de enfrentar a volta
de fazer retorno..
tinha medo de enfrentar o que havia sido para construir o que devia ser
tinha vergonha do que foi
mas mesmo assim parou
porque lembrou de ter coragem
fundamental na corrida ou na parada, na vida.
lembrou de lembrar-se de si
e notar que nem tudo fora ruim
nem tudo era desagradável
não significava voltar ao passado
era simplismente assumir a identidade
tomar fôlego para seguir em frente
sem pressa agora,
sem pressa.

Um comentário:

  1. Que profundo, lu! Me lembra a fase que estamos vivendo agora. E se não fomos no embalo do sistema? E se não precisamos passar no vestibular agora, fazer faculdade, phd e todo o resto. E se finalmente, enxergamos que quem manda em nosso caminho são nossas atitude e não nosso currículo? Aceleramos tanto, acho melhor pensar um pouco mais devagar.

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